![]() |
| Pesquisa publicada na Nature Communications identifica cinco fases biológicas do cérebro e redefine o fim da juventude com base em conexões neurais. Foto: Ilustração/Freepik |
Esqueça as definições tradicionais da Organização Mundial da Saúde (OMS), que situa a adolescência até os 19 anos, ou do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que a encerra aos 18. Um novo estudo de neurociência da Universidade de Cambridge revela que, biologicamente, a adolescência pode se estender até os 30 anos.
A pesquisa, publicada na prestigiada revista Nature Communications, analisou o cérebro de 3.801 pessoas (entre 0 e 90 anos) por meio de ressonância magnética de difusão. O mapeamento rastreou como as moléculas de água se movem pelo tecido cerebral, revelando cinco grandes eras da estrutura humana separadas por quatro "pontos de virada".
De acordo com os cientistas, a fase que chamamos de adolescência começa por volta dos 9 anos, mas só atinge seu "pico de eficiência" no início da terceira década de vida.
"Baseando-nos puramente na arquitetura neural, descobrimos que as mudanças na estrutura cerebral típicas da adolescência terminam por volta dos trinta e poucos anos", explica Alexa Mousley, líder do estudo e bolsista da Fundação Gates em Cambridge.
Neste período, a substância branca aumenta de volume e as redes de comunicação tornam-se altamente refinadas. O ponto de inflexão mais forte de toda a vida ocorre por volta dos 32 anos, quando a trajetória das conexões neurais sofre sua mudança mais significativa, marcando o fim dessa transição e o início da estabilidade adulta.
O estudo detalha como o órgão se transforma do nascimento à morte:
A descoberta ajuda a explicar por que certas condições surgem em momentos específicos. "Essas eras fornecem um contexto para entendermos no que nossos cérebros são mais eficazes ou vulneráveis", afirma Mousley. Enquanto as dificuldades de aprendizagem surgem na infância, riscos como a demência e problemas vasculares ganham força após os 60 anos.
Para o professor Duncan Astle, autor sênior do estudo, a pesquisa confirma que a sensação de que vivemos "fases" diferentes na vida tem um fundamento biológico concreto: "Acontece que o cérebro também passa por essas eras, e a forma como ele se conecta prediz comportamentos de atenção, linguagem e memória".

