Sobrevivente de naufrágio histórico é processado por canibalismo após 14 meses à deriva

Levado pelo oceano em um barco de pesca junto do colega, Jose Alvarenga retornou com vida, mas sem o amigo. Foto: Reprodução/Hilary Hosia/AFP/via Correio Brasiliense

O que começou como um milagre da sobrevivência humana tornou-se uma complexa batalha judicial. José Alvarenga, o pescador salvadorenho que sobreviveu a 438 dias à deriva no Oceano Pacífico, enfrenta agora um processo milionário movido pela família de seu companheiro de viagem, o mexicano Ezequiel Córdoba.

Em novembro de 2012, Alvarenga e Córdoba partiram da costa mexicana para uma jornada de pesca que deveria durar apenas um dia. Após uma pane no motor e uma tempestade severa, o pequeno barco foi arrastado para o mar aberto.

Apenas em janeiro de 2014, 14 meses depois, Alvarenga reapareceu em um atol nas Ilhas Marshall, a 10 mil quilômetros de distância do ponto de partida. Ele era o único ocupante da embarcação.

A versão de Alvarenga sustenta que Córdoba faleceu dois meses após o naufrágio, incapaz de digerir a dieta de carne crua de aves e tartarugas, além de sangue de animais e urina, utilizados para hidratação. O sobrevivente afirma ter mantido o corpo do amigo no barco por seis dias antes de lançá-lo ao mar.

"Foi a decisão mais difícil que tomei na vida", declarou o pescador na época.

Apesar de Alvarenga ter passado por testes de polígrafo (detector de mentiras) que confirmaram sua versão, a família de Córdoba contesta o relato. As suspeitas ganharam força após o lançamento do livro 438 Dias, que narra a epopeia do salvadorenho.

A família do mexicano exige uma indenização de 1 milhão de dólares (aproximadamente R$ 5,5 milhões). A defesa dos familiares alega que Córdoba teria sido vítima de canibalismo, acusação que Alvarenga nega veementemente desde o seu resgate.

Segundo o advogado de Alvarenga, Ricardo Cucalón, em entrevista ao Dq Living Magazine, é muito provável o arquivamento do caso por falta de provas materiais e testemunhas, já que os dois eram os únicos presentes no barco.

Fonte: www.correiobraziliense.com.br

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