Guerra de Drones: Como drones civis e caseiros transformaram o conflito na Ucrânia

A guerra na Ucrânia se tornou o primeiro grande conflito em que os drones não são apenas uma ferramenta de apoio, mas uma força dominante no campo de batalha. O que começou com poucos equipamentos comerciais e caseiros para vigilância se transformou em uma corrida armamentista de tecnologia não tripulada. Hoje, centenas de drones estão constantemente no ar ao longo da linha de frente, que se estende por mais de 1.200 quilômetros.

Esses veículos aéreos não tripulados (VANTs) já não se limitam a missões de reconhecimento. Eles podem ser usados para:

  • Posicionar minas;
  • Entregar suprimentos, como munições e medicamentos;
  • Até mesmo, evacuar soldados feridos ou mortos.

A principal função, no entanto, é o ataque. Drones são enviados para atacar tropas e veículos inimigos, detectando qualquer movimento ao longo da linha de frente.

Os drones Peklo, fabricados na Ucrânia, viajam a uma velocidade de 700 km por hora. Foto: Ukrinform/NurPhoto/via Getty Images/via Epoca Negócios

Do "drone de casamento" ao armamento mortal

No início da invasão russa, em fevereiro de 2022, a Ucrânia precisava de um método rápido para rastrear as colunas de tanques inimigas. A solução veio de uma fonte inusitada: os "drones de casamento", modelos comerciais disponíveis em lojas por cerca de US$ 2.000. Adaptados para o rastreamento, eles ajudaram as forças ucranianas, que estavam em desvantagem numérica, a se posicionar estrategicamente para conter o avanço russo.

Rapidamente, a tecnologia evoluiu. Com a ajuda de financiamento de caridade, os drones de vigilância se tornaram uma necessidade. No início, as imagens eram armazenadas em cartões de memória, mas em menos de um ano, já era possível obter imagens em tempo real para direcionar disparos de artilharia.

Uma inovação simples e barata tornou os drones de vigilância mortais. Com a ajuda de impressoras 3D, entusiastas da tecnologia criaram um dispositivo simples, parecido com uma garra, que, ao ser ativado remotamente, soltava uma granada. A explosão poderia ferir ou matar um soldado ou até mesmo destruir um veículo blindado. Os soldados ucranianos também começaram a adicionar explosivos mais potentes, derretendo munições antigas e despejando-os em invólucros mais leves.

Drones FPV: os "homens-bomba" de baixo custo

Nenhuma inovação teve um impacto maior do que os drones com visão em primeira pessoa (FPV). Com explosivos acoplados, eles voam diretamente em direção aos seus alvos, transformando-se em mísseis de baixo custo, mas com alta precisão. Eles podem ser fabricados internamente, tornando-os uma alternativa viável para a Ucrânia, especialmente durante o inverno de 2023, quando o país enfrentou uma escassez de munição de artilharia.

No entanto, a inovação ucraniana foi rapidamente copiada pela Rússia, que também passou a adotar os FPVs em larga escala. A proliferação desses drones desacelerou o movimento da linha de frente, e agora qualquer coisa em um raio de até 19 quilômetros da linha de contato pode se tornar um alvo.

Ataque de drones a uma escola em Kherson, na Ucrânia. Foto: Svitlana Horieva/Anadolu Agency via Getty Images//via Epoca Negócios

A inovação não para: drones terrestres e de fibra óptica

Em resposta às táticas de guerra eletrônica, a Rússia foi pioneira em uma adaptação crucial: a adição de um cabo de fibra óptica para ligar o drone ao piloto, evitando a interrupção de comunicação.

Drones de fibra óptica são a mais nova invenção na guerra: Rússia - Ucrânia. Foto: Foto: Viktor Fridshon/Global Images Ukraine via Getty Images/via Epoca Negócios

Do lado ucraniano, para reabastecer tropas na linha de frente, surgiu o drone Vampire. Com capacidade para transportar até 9 quilos, ele pode operar à noite para levar suprimentos e munições. A mais recente inovação são os drones terrestres, que podem transportar cargas ainda mais pesadas, como comida e equipamentos, poupando os soldados de missões perigosas.

Os fabricantes de drones agora estão experimentando carros, barcos e veículos todo-terreno pilotados remotamente, que podem ser usados até para evacuar soldados feridos e mortos.

Fonte: epocanegocios.globo.com

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