| Especialista de Oxford defende que esses animais poderiam erguer comunidades submersas caso humanos desapareçam. Foto: Ilustração/Freepick |
Em um cenário digno de ficção científica, mas fundamentado em análises evolutivas, o biólogo Tim Coulson, da Universidade de Oxford, afirmou que os polvos são os principais candidatos a assumir o papel de "construtores de civilizações" no planeta caso a humanidade desapareça.
Segundo o pesquisador, a extinção é uma realidade estatística inevitável: 99,9% de todas as espécies que já existiram foram extintas. Seja por ação antrópica, mudanças atmosféricas ou o ciclo de vida do Sol, Coulson argumenta que o fim da era humana abriria um nicho ecológico semelhante ao deixado pelos dinossauros para os mamíferos.
Diferente de primatas ou golfinhos, os polvos possuem uma combinação rara de destreza física e alta capacidade cognitiva. Coulson projeta que, em milhões de anos de evolução, esses cefalópodes poderiam desenvolver tecnologia para aproveitar a energia das marés, criar equipamentos de respiração para incursões terrestres (espécies de "escafandros reversos"), estabelecer práticas de agricultura marinha, como o cultivo de crustáceos e construir estruturas complexas e até robôs auxiliares para locomoção fora d'água.
Estudos indicam que polvos possuem centenas de milhões de neurônios, demonstrando habilidades de resolução de labirintos e manipulação de objetos. O pesquisador italiano Piero Amodio observa que essa inteligência pode ter surgido há 275 milhões de anos, quando os ancestrais dos polvos perderam suas carapaças protetoras, exigindo astúcia para caçar e evitar predadores.
No entanto, Amodio ressalta um obstáculo biológico crítico: a longevidade. Atualmente, os polvos vivem pouco e não convivem com suas crias, o que impede a transmissão cultural de conhecimento — pilar fundamental da civilização humana.
Embora os polvos sejam os favoritos de Coulson devido à sua capacidade de manipular o ambiente com tentáculos, ele não descarta outras possibilidades.
Os caranguejos poderiam ascender se evoluíssem para usar suas pinças de forma mais sofisticada. Primatas e Golfinhos são considerados menos prováveis por Coulson para preencher o papel de "espécie dominante" em um futuro extremamente distante.
A paleoantropóloga Emma Bird reforça que a supremacia do Homo sapiens não foi garantida apenas pela inteligência, mas por uma combinação de cooperação social, sorte e partilha tecnológica, elementos que qualquer sucessor precisaria replicar.
Para Tim Coulson, a teoria é tanto um estudo evolutivo quanto um exercício de perspectiva. "Quando tudo isso acontecer, já teremos desaparecido", conclui o biólogo, lembrando que o futuro da Terra, sem humanos, permanece um dos maiores mistérios da ciência.
Fonte: noticias.r7.com