Canadá desiste de tributo a vítimas do comunismo após descobrir que maioria dos homenageados era nazista

Revelação de 330 nomes ligados ao nazismo na lista de homenageados forçou o governo a mudar o projeto original da obra em Ottawa. Foto: Ahunt/Wikimedia Commons/via G1

Um controverso monumento em honra às vítimas do comunismo na capital canadense, Ottawa, ganhou um novo e polêmico capítulo. As autoridades do Departamento do Patrimônio Histórico Canadense decidiram que o Monumento às Vítimas do Comunismo não terá mais os nomes de indivíduos inscritos em sua estrutura. A drástica mudança de projeto ocorre após uma investigação descobrir que 330 dos homenageados eram nazistas ou colaboradores nazistas.

O monumento, inaugurado em dezembro de 2024, previa originalmente a inscrição de cerca de 600 nomes em homenagem a vítimas específicas de regimes comunistas. Contudo, desde a inauguração, o local reservado para esses nomes permaneceu oculto por placas pretas.

A decisão final foi tomada em dezembro de 2025, um ano após a inauguração.

O projeto foi aprovado pelo governo em 2009 e comissionado pela Liberty Foundation, uma organização sem fins lucrativos composta por imigrantes e descendentes do Leste Europeu. A fundação buscou doações privadas para financiar parte da obra, e em troca da contribuição, os doadores teriam o direito de selecionar os nomes a serem homenageados.

No entanto, antes mesmo da inauguração, denúncias na imprensa canadense levantaram a suspeita de que nazistas e criminosos de guerra estariam sendo incluídos na lista.

Uma investigação aprofundada, conduzida com a participação de grupos judaicos de memória do Holocausto, como os Amigos de Simon Wiesenthal, confirmou as denúncias, revelando nomes de alto perfil ligados a atrocidades:

Ante Pavelić: Fascista croata líder da Ustaše, uma milícia temida nos Bálcãs, responsável pela perseguição e morte de judeus e outras minorias.

Roman Shukhevych: Ultranacionalista ucraniano acusado de comandar o massacre de até 100 mil poloneses durante a Segunda Guerra Mundial.

As revelações chocantes forçaram o Departamento do Patrimônio do Canadá a intervir, exigindo que a Liberty Foundation aprovasse cada um dos nomes em uma força-tarefa que incluiu grupos judaicos e historiadores.

Após a análise, que identificou 330 nazistas ou colaboradores, as autoridades decidiram vetar permanentemente a inclusão de quaisquer homenagens individuais no monumento, encerrando a controvérsia sobre a legitimidade da lista.

Passado complicado: O nazista no Parlamento

O atraso na inauguração do monumento também foi indiretamente afetado por uma polêmica anterior de grande repercussão.

A cerimônia de lançamento estava prevista para novembro de 2023, mas foi adiada após um incidente diplomático envolvendo o Parlamento do Canadá em setembro daquele ano.

Durante a visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, um imigrante ucraniano de 98 anos, Yaroslav Hunka, foi convidado para a solenidade e apresentado pelo então presidente do Parlamento, Anthony Rota, como "um herói ucraniano e um herói canadense" por seu serviço na Segunda Guerra Mundial.

Contudo, descobriu-se que Hunka havia sido um soldado da temida Divisão da Galícia da Waffen-SS, uma unidade de voluntários ucranianos leais a Adolf Hitler, considerada responsável pelo assassinato sistemático de judeus na Ucrânia.

O idoso foi aplaudido de pé por Zelensky, pelo primeiro-ministro Justin Trudeau e por todos os deputados presentes. O incidente, denunciado por uma organização judaica canadense, provocou a renúncia de Anthony Rota e um pedido de desculpas formal do Canadá ao presidente ucraniano.

Fonte: g1.globo.com

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