Segundo Jad Tarifi, os cursos são tão longos, que a IA alcançará os níveis dos alunos antes mesmo deles se formarem. Foto: Jad Tarifi/X (twitter)/via Estadão |
Com a ascensão acelerada da inteligência artificial, a Geração Z enfrenta um novo e complexo desafio na busca por emprego: o que realmente agrega valor em um mercado de trabalho em constante transformação? Enquanto o diploma universitário perde parte de seu peso, a corrida por títulos acadêmicos mais elevados, como o doutorado, pode não ser a solução, segundo o especialista em tecnologia Jad Tarifi.
Tarifi, que fundou a primeira equipe de IA generativa do Google, questiona o valor de anos de estudo em um campo que muda drasticamente em questão de meses. "A IA em si vai ter desaparecido quando você terminar o doutorado. Até mesmo coisas como a aplicação da IA à robótica já estarão resolvidas nessa altura", disse ele em entrevista ao Business Insider.
O alerta de Tarifi ganha força com declarações de outros gigantes da tecnologia. Sam Altman, CEO da OpenAI, afirma que o ChatGPT já alcançou o desempenho de um especialista com doutorado. Já Mark Zuckerberg (Meta) e o próprio Bill Gates expressam preocupação com a defasagem entre o currículo acadêmico e as necessidades do mercado, bem como o alto custo da educação.
O que realmente importa para a carreira?
Apesar do aumento na procura por doutorados em IA — com 70% dos formados em 2023 migrando para o setor privado, segundo o MIT — o próprio Tarifi sugere um caminho diferente. Ele, que concluiu seu doutorado em IA em 2012, defende que o sucesso no futuro não estará ligado a credenciais, mas a habilidades humanas inestimáveis.
"O sucesso no futuro não virá da obtenção de credenciais, mas do cultivo de perspectivas únicas, agência, consciência emocional e laços humanos fortes", explica Tarifi. Ele incentiva os jovens a se focarem na "arte de se conectar profundamente com os outros e no trabalho interno de se conectar consigo mesmos".
A reflexão sobre o sistema educacional se estende a profissões tradicionais, como medicina e direito, que, segundo ele, podem estar se tornando obsoletas. Tarifi aponta que o conhecimento ensinado em universidades já é "muito desatualizado e baseado na memorização", um campo em que a IA supera a capacidade humana com facilidade.
A discussão levanta uma questão crucial para a Geração Z: em um mundo onde a tecnologia resolve problemas complexos em segundos, o verdadeiro diferencial não estaria em fortalecer o que nos torna únicos, ou seja, nossa humanidade?
Fonte: www.estadao.com.br