Afinal, a frequência com que um homem ejacula pode influenciar o risco de desenvolver câncer de próstata? Essa é uma pergunta que tem intrigado a comunidade médica, em especial os urologistas, por décadas. O câncer de próstata é o segundo tumor mais comum entre os homens no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). A doença costuma se manifestar após os 50 anos, e sua incidência aumenta drasticamente com a idade.
Uma das pesquisas mais relevantes sobre o tema, conduzida pela Universidade de Harvard, acompanhou mais de 31 mil homens por quase 20 anos. Os resultados são surpreendentes: homens que relataram ejacular 21 vezes ou mais por mês tiveram um risco 31% menor de desenvolver a doença, em comparação com aqueles que ejaculavam entre quatro e sete vezes por mês.
O urologista e oncologista Bruno Benigno, do Hospital Oswaldo Cruz, explica que a literatura médica atual sugere uma associação inversa entre a frequência de ejaculação e um menor risco de câncer de próstata, principalmente nas formas menos agressivas. "A literatura médica atual sugere que uma maior frequência de ejaculações ao longo da vida adulta está associada a um menor risco de câncer de próstata, mais ou menos 20% a menos, especialmente para essas formas menos agressivas da doença," afirma o médico.
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Essa é uma pergunta que médicos, principalmente urologistas, tentam decifrar há décadas. Foto: Ilustração/Freepik/Jornal Extra |
Os pesquisadores sugerem duas possíveis razões para essa ligação:
- A ejaculação pode ajudar a eliminar toxinas e substâncias que se acumulam na próstata e podem contribuir para o surgimento de tumores.
- O processo ejaculatório melhoraria o fluxo de sêmen, reduzindo a inflamação na próstata, um fator de risco conhecido para o desenvolvimento do câncer.
No entanto, Benigno ressalta que a relação é mais complexa do que parece. "Essa associação ainda precisa ser investigada em estudos com desenho melhor para excluir qualquer outro viés que possa estar confundindo a análise," ele pondera.
Para os especialistas, a frequência da ejaculação pode ser apenas um reflexo de outros hábitos. Homens sexualmente mais ativos tendem a ter um estilo de vida mais saudável, com uma alimentação melhor e a prática de exercícios físicos, o que, por si só, já reduz o risco de várias doenças, incluindo o câncer.
Benigno explica que a ejaculação pode ser um "fator confundidor". "A literatura sugere sim uma associação inversa entre uma maior frequência da ejaculação e um menor risco de câncer de próstata. Isso é muito interessante, porque a maioria dos cientistas não sabe explicar o motivo, mas acredita que os homens que têm uma frequência maior de ejaculação tendem a ter também uma melhor saúde e ser sexualmente mais ativos, o que pode estar por trás dessa diminuição do risco de câncer de próstata", conclui.
Fonte: extra.globo.com