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A descoberta muda como os pesquisadores podem procurar por vida extraterrestre. Foto: Ilustração/Freepik |
A cada decolagem de um avião, a Terra pode estar, sem querer, transmitindo um sinal de sua existência para o cosmos. É o que revela uma nova pesquisa que aponta os sistemas de radar de nossos aeroportos como poderosos emissores de ondas de rádio que, juntos, formam uma espécie de "anúncio cósmico" de nossa presença.
O estudo, liderado por Ramiro Caisse Saide, doutorando da Universidade de Manchester, sugere que essas assinaturas tecnológicas — sinais detectáveis de vida inteligente — têm vazado para o espaço há décadas, podendo ser captadas por alienígenas equipados com radiotelescópios semelhantes aos nossos.
Um alcance impressionante:
A pesquisa, apresentada recentemente no Encontro Nacional de Astronomia da Royal Astronomical Society, detalha que a potência combinada dos radares de aeroportos globais atinge a marca de 2×10¹⁵ watts. Esse nível de emissão é suficiente para ser detectado por telescópios comparáveis ao Telescópio Green Bank, nos Estados Unidos, a uma distância de até 200 anos-luz.
Para contextualizar, esse alcance abrange mais de 120.000 estrelas, incluindo diversos mundos potencialmente habitáveis que poderiam abrigar civilizações com tecnologia semelhante à nossa. A pesquisa aponta que os radares militares, com seus feixes direcionais, emitem um sinal ainda mais potente e focado, agindo como verdadeiros faróis.
Uma nova forma de procurar vida:
O trabalho de Saide representa uma mudança de paradigma na busca por inteligência extraterrestre (SETI sigla em inglês). Enquanto a abordagem tradicional se concentra em detectar sinais deliberados, a nova pesquisa inverte a lógica: em vez de apenas ouvir por mensagens, os cientistas podem agora procurar os "vazamentos" tecnológicos não intencionais gerados pelas atividades diárias de uma civilização.
Esse novo método abre uma via promissora, pois a pesquisa conclui que os sinais de radar, produzidos por qualquer planeta com um nível de tecnologia e infraestrutura de aviação similar ao nosso, seriam um sinal universal de vida inteligente.
O exoplaneta potencialmente habitável mais próximo, Proxima Centauri b, está a apenas 4,2 anos-luz de distância — bem dentro do alcance de detecção. Caso haja uma civilização comparável por lá, ela já poderia ter detectado a nossa presença. "Este trabalho apoia tanto a busca científica para responder à pergunta 'Estamos sozinhos?' quanto os esforços práticos para gerenciar a influência da tecnologia em nosso mundo e além", concluiu Saide.
Fonte: www.sciencealert.com