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Guerra entre Rússia e Ucrânia. Foto: Ilustração/ Iryna Rybakova/Ukraine's 93rd Mechanized Brigade via AP/via Valor Econômico |
O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) está alertando sobre uma tática alarmante da inteligência russa: o recrutamento de jovens ucranianos para missões suicidas, com pelo menos 12 ataques já atribuídos a essa estratégia. Conforme reportagem recente do jornal "The Guardian", adolescentes estariam sendo cooptados através de canais no Telegram para realizar ataques na região oeste da Ucrânia, longe da linha de frente da guerra.
Os ataques seriam gravados pelos próprios jovens e enviados aos recrutadores russos. Esse material é então distribuído em grupos russos como suposta "prova" de descontentamento interno na Ucrânia, além de ser usado para aumentar as tensões em relação ao recrutamento militar obrigatório ucraniano.
Inicialmente, esses ataques envolviam a incineração de veículos militares, postos de recrutamento e dos correios. No entanto, no final de 2024, a Rússia teria escalado a agressão para simular táticas terroristas mais perigosas.
O caso de Oleh: De "emprego" a bomba
A reportagem do "Guardian" ilustra essa estratégia com a história de Oleh, um jovem de 19 anos (nome fictício). Ele encontrou uma proposta de emprego no Telegram para pintar uma delegacia de polícia em Rivne por US$ 1 mil. Ao chegar ao local, Oleh descobriu que, além da tinta, o material entregue continha uma bomba caseira com aparente detonação remota.
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Oleh procurou as autoridades locais e evitou que o dispositivo fosse acionado, prevenindo danos. Três dias antes, a mesma cidade havia sofrido um ataque similar e bem-sucedido, resultando na morte de um jovem desempregado de 21 anos que carregava o explosivo, e no ferimento de oito soldados. Atualmente, Oleh está preso e pode enfrentar uma sentença de 12 anos de prisão.
Como o esquema russo opera
Segundo o SBU, a Rússia recruta, sem revelar sua nacionalidade, dois grupos distintos de ucranianos: um para fabricar bombas de acionamento remoto e outro para entregar os dispositivos, sem que os entregadores saibam o que estão transportando. Isso permite que os recrutadores russos detonem explosões dentro da Ucrânia sem sequer pisar no país.
A autoridade ucraniana afirma ter detido mais de 700 pessoas desde o início de 2024 por sabotagem, incêndio criminoso ou terrorismo. Muitas dessas pessoas estão desempregadas ou buscam dinheiro para sustentar vícios, mas cerca de um quarto delas são adolescentes, sendo a mais jovem uma menina de 11 anos da região de Odessa.
O representante do SBU destacou que os russos iniciam o recrutamento com tarefas simples, mas, à medida que a confiança aumenta, as atividades se tornam mais perigosas. Após a realização da primeira tarefa, os recrutados podem ser chantageados. Em um caso, um malware foi enviado para o celular de uma adolescente recrutada, que foi subsequentemente ameaçada de ter fotos e vídeos íntimos hackeados e publicados, caso não continuasse a cooperar.
Para combater o envolvimento de mais jovens nesse esquema, a Ucrânia está implementando um programa de conscientização em escolas e criou um chatbot para que adolescentes possam denunciar conversas suspeitas.
Fonte: valor.globo.com
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