Como a ficção atrapalha o diagnóstico de um ataque cardíaco

Pesquisa norte-americana alerta que sintomas reais de infarto muitas vezes são sutis e passam despercebidos. Foto: Ilustração/Giph/@laff_tv

A imagem dramática de um ataque cardíaco — aquela cena de cinema com a mão no peito, gritos e a pessoa caindo no chão — se tornou um grande problema. Por décadas, essa representação de Hollywood moldou a percepção do público, e essa visão distorcida pode custar vidas. De acordo com a professora Ann Eckhardt, da Universidade do Texas em Arlington (UTA), nos Estados Unidos, essa visão "cinematográfica" dificulta o reconhecimento dos sinais reais de um infarto, que nem sempre são tão intensos.

O infarto nem sempre é dramático

"Infelizmente, isso não é a vida real. Nem sempre o infarto é intenso", alerta a especialista. Muitas vezes, os sintomas são sutis, como um desconforto ou uma sensação de pressão no peito. As pessoas tendem a esperar para buscar ajuda médica porque os sinais não se encaixam no estereótipo do "ataque cardíaco de filme". E essa demora pode ser fatal.

A pesquisa de Eckhardt, publicada em um artigo recente, revelou que quase 75% dos entrevistados se informam sobre o tema por meio da televisão ou do cinema. Essa dependência de fontes ficcionais explica a confusão e a hesitação em buscar socorro imediato.

Mitos a serem desmascarados

Outro mito comum é a ideia de que homens e mulheres têm sintomas completamente diferentes. A professora explica que essa crença só aumenta a confusão. O sintoma mais comum para ambos é a dor no peito. O que muda é que o infarto nem sempre se manifesta como uma dor aguda, mas sim como uma sensação de aperto ou incômodo.

Para combater esses equívocos, Ann Eckhardt ajudou a criar o "Questionário de Concepção de Dor no Peito". A ferramenta foi projetada para ajudar profissionais de saúde a entender como as pessoas percebem os sintomas cardíacos e a fazer perguntas mais eficazes para um diagnóstico preciso.

A motivação da pesquisadora é pessoal: ela viu seu avô sofrer um infarto quando era criança. Ele sobreviveu graças a uma cirurgia e viveu mais 20 anos. Essa experiência a inspirou a seguir a carreira de enfermagem e a dedicar-se a educar o público sobre a urgência de reconhecer os sinais reais de um infarto, que, diferentemente dos filmes, nem sempre grita por ajuda, mas pode apenas sussurrar.

Fonte: www.correiobraziliense.com.br

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem