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Tapetes compostáveis são feitos com cabelo humano. Foto: Pablo Sanhueza/Reuters/via ECOA UOL |
Discos feitos de cabelo, coletados em salões de beleza e pet shops, são tecidos mecanicamente e colocados na base das plantas. Essa cobertura reduz a evaporação direta do solo em impressionantes 71%, de acordo com a fundação Matter of Trust Chile. Agricultores que utilizam a técnica chegam a economizar até 48% da água usada na irrigação, pois os tapetes impedem que o calor extremo resseque o solo e prolongam a retenção de umidade nas raízes.
Além de conservar água, os tapetes de cabelo também enriquecem o solo. Mattia Carenini, CEO da Matter of Trust Chile, explicou à Reuters que os fios contêm nitrogênio, cálcio, enxofre e matéria orgânica, nutrientes que impulsionam a produção das plantas em até 30%. Maria Salazar, uma produtora de limões em Taltal, no norte árido do Chile, comemorou os resultados: "Ao fornecer sombra, os tapetes mantêm a umidade e impedem que os raios solares evaporem a pouca água que temos."
A Matter of Trust Chile foi criada em 2020 com o objetivo de promover a conservação ambiental através do uso criativo de resíduos urbanos. A fundação recolhe cabelo de 350 salões de beleza e 10 tosadores de pets, com cerca de 2% do material vindo de animais de estimação.
Além da agricultura, o projeto expandiu-se para a limpeza de rios e mares. No programa Petropelo, os fios são inseridos em boias de malha que absorvem óleos, metais pesados e até bactérias em águas contaminadas. Estima-se que um quilo de cabelo pode limpar até nove litros de óleo, e os testes em cursos d'água próximos a Valparaíso foram bem-sucedidos.
O Chile é considerado um dos países com maior estresse hídrico do mundo. Segundo o Instituto Mundial de Recursos, o país enfrenta o risco iminente de ficar sem abastecimento de água até 2040. Iniciativas como a dos tapetes de cabelo oferecem uma esperança tangível para mitigar os efeitos da crise climática e garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos.