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A pratica tem objetivo de incrementar o ato sexual, mas pode levar a dependencia e a overdose.Foto:Fernando Moraes/UOL |
O principal motivo para isso é a potência das substâncias ora envolvidas. Mefedrona, metanfetamina e GHB (ácido gama-hidroxibutírico) estão entre as drogas mais usadas na Europa. O uso delas aumenta, e muito, a capacidade dos usuários em "maratonar" no sexo e fazer coisas que não fariam sóbrios.
Uma rápida pesquisa na internet prova que a prática tem ganhado destaque na imprensa e em estudos científicos e de comportamento. Há diversas entradas sobre o assunto, e já existe até fórum para debatê-lo (European ChemSex Forum).
O uso de substâncias para "ajudar" ou melhorar a performance sexual está longe de ser uma novidade. A diferença aqui é o objetivo envolvido: nele, você não usa drogas e eventualmente acaba transando. Você usa drogas com a finalidade específica de fazer sexo.
Na Europa, suas consequências negativas mais visíveis são dependência química e overdose. O fenômeno vem sendo documentado especialmente entre homens gays, que em vários países já se mobilizam para lidar com a questão. Mas associar esse grupo social à prática pode descambar para o preconceito e para uma leitura errada da situação.
"Não temos dados sobre o 'chemsex' no Brasil. Na Europa, porém, estudos mostram que a prática acontece tanto entre homens e mulheres cis e heterossexuais quanto na comunidade LGBTQIA+", explica o psiquiatra e psicanalista Bruno Branquinho. "Há prevalência maior entre homens gays e bissexuais, mas não é uma diferença absurda."
Em seu consultório em São Paulo, Branquinho trabalha com foco na saúde mental da comunidade LGBTQIA+. Ele chama atenção para outra ideia preconcebida: a de que as drogas pesadas usadas na Europa não estão disponíveis no Brasil e por isso, aqui, a prática não é tão perigosa.
Uma reportagem publicada no TAB no fim de maio mostrou que, de fato, drogas antes alienígenas para os brasileiros já chegaram ao país. Quinta passada (24), uma ação policial desmontou um laboratório de produção de metanfetamina ao lado de uma famosa balada sertaneja paulistana.
Por "encontrar no aplicativo", Branquinho se refere aos símbolos que, nos apps de paquera, indicam que a pessoa está em busca de sexo químico. O psiquiatra esclarece: emojis de raio e floco de neve são referências à cocaína. A explosão é para poppers (os nitritos anti-hipertensivos, drogas inaláveis que são uma espécie de versão turbinada do lança-perfume). Aliança e diamante são usados para metanfetaminas. Chave e aquela gotinha de água referem-se aos anestésicos "key" (de ketamina, ou cetamina) e "gi" (o GHB). E o foguete é "slam", ou metanfetamina injetável.
"Pela minha prática, já existe um problema no Brasil. Muitos pacientes me procuram porque não conseguem mais transar sem usar drogas, gastam muito dinheiro com elas e passam dias e dias transando sem parar. Ficam dois, três dias sem comer, sem beber água e sem tomar seus remédios", diz Branquinho.
Fonte: tab.uol.com.br
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