| Projeto deve auxiliar Moscou a manter programa de exploração espacial a longo prazo. Foto: Ilustração/Gemini |
Em um movimento que intensifica a nova corrida espacial global, a agência espacial russa, Roscosmos, confirmou planos para instalar uma usina de energia na superfície lunar na próxima década. O projeto visa sustentar a presença russa e a estação de pesquisa desenvolvida em parceria com a China, em um momento de acirrada disputa por recursos e influência no satélite natural da Terra.
Embora o comunicado oficial não utilize explicitamente o termo "nuclear", a participação da gigante estatal Rosatom e do Instituto Kurchatov — principal centro de pesquisa nuclear do país — deixa claro que a fonte de energia será atômica. O contrato para o desenvolvimento da planta já foi firmado com a empresa aeroespacial Associação Lavochkin.
O objetivo é criar uma infraestrutura de energia capaz de alimentar rovers, observatórios e a futura Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS), operada conjuntamente por Moscou e Pequim.
"Este projeto é um passo fundamental para a transição de missões isoladas para um programa de exploração lunar de longo prazo", afirmou a Roscosmos em nota oficial.
A iniciativa surge como uma tentativa de restaurar o prestígio da Rússia no setor. Desde o pioneirismo de Yuri Gagarin em 1961, o país viu sua liderança ser desafiada pelos Estados Unidos e pela ascensão meteórica da China. Recentemente, o programa russo enfrentou reveses, como o fracasso da missão Luna-25 em 2023, além de perder mercado para empresas privadas como a SpaceX de Elon Musk.
A Lua tornou-se o centro das atenções não apenas por razões científicas, mas econômicas. Analistas preveem uma "corrida do ouro" devido à presença de recursos valiosos. Estima-se a existência de um milhão de toneladas do isótopo Hélio-3, raro na Terra e potencial combustível para fusão nuclear além de elementos como escândio e ítrio, essenciais para a indústria de smartphones e tecnologia avançada.
A Rússia não está sozinha nessa ambição. A NASA também planeja estabelecer um reator nuclear na Lua até 2030. O governo norte-americano admite que a competição é estratégica.
"Estamos em uma corrida com a China para a Lua. Para ter uma base lá, precisamos de energia", afirmou o secretário de transportes dos EUA, Sean Duffy, destacando que a permanência lunar é o trampolim necessário para futuras missões a Marte.
Embora tratados internacionais proíbam o posicionamento de armas nucleares no espaço, o uso de fontes de energia nuclear para fins civis e de exploração é permitido, desde que siga protocolos de segurança estabelecidos.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br